Tecnologia IoT na Logística | A Nova Era da Internet das Coisas, e dos Transportes
A Logística é uma indústria complexa que pode beneficiar grandemente de tecnologias IoT. O processo base de armazenagem e envio de um local para o...
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TIM Team : Jan 22, 2022 5:38:04 PM
A crise da cadeia global de fornecimento atingiu inúmeras empresas, a sua gestão financeira, e a forma como operam o seu negócio. Inúmeras empresas em todas as indústrias foram forçados a reavaliar a sua estratégia da cadeia de fornecimento. Umas optaram por tentar comprar localmente, outros preferiram realizar alterações nos produtos para acomodar as faltas. Algumas companhias preferiram equilibrar as perdas, sentindo a oportunidade, fazendo aumentos alargados de stock e aumento proporcional dos preços de venda, mas eventualmente afastaram alguns clientes com esta estratégia mais agressiva e ousada.
É por isso que praticamente todas as empresas de produção industrial e automóvel registadas num estudo da EY - cerca de 97% - declararam ter sido afetados negativamente pela pandemia.
Porque é que estes poderosos aglomerados industriais e até governos estatais ficaram desesperados com a pandemia instalada? Como é que estas reagiram na ocasião e como devem reagir atualmente e no futuro?
Vamos aprofundar o tema, mas primeiro vamos ver mais de perto como se faz a gestão da cadeia de fornecimento.
Como definição genérica, cadeia de valor, é o conjunto de actividades que vai desde uma encomenda e receção de matérias primas, até à obtenção de produtos, e a sua distribuição e entrega ao cliente ou consumidor final.
Nesta cadeia, as várias matérias primas são fornecidas por vendedores específicos, transformadas em produto final ao longo de vários passos de transformação e montagem, entregues em centros de distribuição, e finalmente aos clientes. As cadeias de fornecimento são caracterizadas por terem também muitos produtos intermédios prontos para serem assimilados por outros fabricantes, com meios de produção e montagem próprios.
Por outras palavras, as cadeias de fornecimento, são redes de entregas e opções de distribuição, que providenciam os materiais base, a transformação em produtos intermédios ou finais, e a distribuição de produtos finais aos consumidores.
Estas cadeias encontram-se igualmente em empresas de serviços e empresas de transformação, ainda que a sua complexidade possa variar de indústria para indústria, ou entre tipologias distintas de negócio. Em suma, a cadeia de fornecimento é responsável por garantir os materiais corretos, serviços ou tecnologia necessária, poderem ser adquiridos da fonte ideal, na ocasião necessária, e na qualidade determinada pelo atividade do negócio.
A cadeia de fornecimento tem início com a compra de bens ou materiais que possam ser vendidos ou transformados. Pelo meio dá origem a inventário e à gestão de armazém/stock, que dão apoio à atividade de venda. A fase final é a entrega ao consumidor.
Existem portanto, 4 elementos base no âmbito da cadeia de fornecimento:
A cadeia de fornecimento de produtos e serviços em negócios internacionais pode tornar-se bastante complexo. Podem estar referidos vários fornecedores e vários compradores para a mesma atividade, por exemplo. Vamos então abordar três tipo de fluxos na cadeia de fornecimento. A coordenação destes fluxos é essencial para a eficiência da cadeia de fornecimento como um todo. Adicionalmente, estes fluxos são interferidos por várias funções dentro e entre atividades distintas.
O fluxo de materiais consiste na entrega de bens dos fornecedores aos clientes, e de um fluxo inverso consistindo de devoluções, reciclagem e abate. Neste fluxo, matérias prima, produtos intermédios ou componentes e peças de reposição são entregues pelos fornecedores. Estes são críticos para que as linhas e produção não parem.
Fonte: IHS Markit
O fluxo de informação inclui as notificações de encomendas e o estado das entregas ou transporte de mercadoria. Quando o fluxo de informação é bem gerido, o feedback chega a todos os elos relevantes da cadeia de fornecimento.
O fluxo financeiro inclui informação sobre crédito, calendário de pagamentos, entregas e licenças de utilização e direitos. Este fluxo regula o fluxo do dinheiro dentro da cadeia de fornecimento.
Os riscos das cadeias de fornecimento podem ser genericamente considerados como internos ou externos.
Riscos internos da cadeia de fornecimento podem ser identificados como transporte inadequado, falhas de equipamentos, mudanças tecnológicas e obsoletismo, falhas TI, problemas com o fornecedor, alterações das especificações ou na procura dos clientes e ainda custo e disponibilidade das matérias primas.
Riscos externos da cadeia de fornecimento podem ser identificados como acidentes (fogo, guerra, desastres naturais), ataques terroristas, restrições à importação, ou aumento não previsto das taxas aplicadas a bens de importação.
Os autores Khan e Burnes catalogaram profundamente estes riscos no seu estudo de 2007.
Riscos de Fornecimento: tipificados na fase de entrega dos bens à empresa compradora, inclui problemas como a fiabilidade dos fornecedores, dependência de single-sourcing vs multiple-sourcing, e o fornecimento centralizado vs descentralizado.
Riscos Operacionais: são riscos que afetam a capacidade da empresa em fornecer os bens e serviços previstos, e em última análise obter lucro. Pode ser resultante de uma falha na sua capacidade produtiva ou processos e em mudanças na tecnologia.
Riscos da Procura: tipificados na fase de entrega dos bens ou serviços aos clientes, estes riscos incluem o obsoletismo e obsolescência dos bens, falta de stock ou excesso de stock. Na distribuição podemos encontrar problemas de incerteza de previsão da procura, que podem resultar em inventários sobredimensionados ou rotura de stock. Por sua vez os riscos na procura podem tem origem sócio-política, económica, tecnológica ou geográfica.
Riscos Tecnológicos: podem resultar do excesso de confiança depositados num único produto, ou produtos limitados na abrangência, no processo de obtenção ou na base tecnológica.
E ainda que estas fontes de riscos sejam válidas nos dias de hoje, existe uma causa neste período, extremamente impactante: a pandemia global.
Semelhante a todos os setores que afetou, o Covid-19 também afetou e mudou os processos da cadeia de fornecimento global.
O Covid-19 veio trazer ainda mais ênfase aos desafios já existentes relacionados com o risco de fornecimento das empresas, num contexto de pandemia global.
Uma série de variáveis previamente normalmente previstas deixaram as estratégias de fornecimento das empresas de rastos, devido às quebras intempestivas de fornecimento de materiais e componentes, recursos humanos e uma procura de consumo com extrema flutuação.
Quando a pandemia atingiu valores globais, os stocks atingiram rapidamente os pontos de rotura, igualmente por causa da procura exacerbada de bens de primeira necessidade, de longa vida, como papel higiénico, ou ração para animais domésticos. As empresas não tiveram tempo para reagir e repensar a gestão de inventário ou a estratégia de preços, como em ocasiões normais.
As empresas não tiveram oportunidade para se preparar para um desastre desta dimensão, a pandemia Covid-19 afetou numa escala global, com um crescimento intenso e afetou o dia a dia da vida convencional de forma imediata. Isto mostrou novamente às empresas que necessitam de estar preparadas para os piores cenários possíveis.
O conceito de fábricas e armazéns em ambiente escuro, que passou a ser uma realidade possível com a indústria 4.0, onde apenas máquinas operam, passou a ser uma opção mais viável e necessária, não só para evitar os contágios, como por muitas vezes os recursos estarem impedidos de laborar.
Em alguns setores, onde as paragens de produção podem dar origem a problemas sérios para a população - nos serviços de medicina por exemplo- as tecnologias de AI (Inteligência Artificial) e ML (Machine Learning) permitiram obter ganhos significativos para colmatar essas falhas. À medida que o factor humano perde relevâncias nos ambientes produtivos, também os erros associados à causa humana diminui, e existe um ganho na qualidade e eficiência dos processos.
Produtos tecnológicos que se usam (wearables), tal como as fábricas em ambiente escuro, são inovações que as tecnologias IoT promoveram no nosso dia a dia. E conseguiram ser o parceiro ideal para garantir a rastreabilidade dos processos a 100%, e garantir visibilidade da cadeia de fornecimento em tempo real. É por isso que tantas empresas estão a investir em tecnologias IoT wearable, que os podem ajudar a operar e a tomar decisões eficazes em tempos de crise.
Visibilidade aumentada dos processos é uma das prioridades de topo que as empresas identificam para o próximo ano, e a prioridade mais relevante que identificam para os seguintes 12 a 36 meses.
Fonte:EY Global Supply Chain Survey
Por forma a preparar as empresas para os piores cenários, e eventualmente trazer melhorias ao negócio em tempos estáveis, e permanecer resilientes num ambiente competitivo, têm de enraizar mais o conceito de Cadeia de Fornecimento Sustentável. Também por isso, ser necessário uma atitude transparente relativamente aos ganhos na Cadeia de Fornecimento. Graças ao uso da tecnologia Blockchain “localização-agilidade-digitalização” é possível uma solução sustentável e transparente em termos económicos.
Com o uso de Blockchain, todos os passos entre fornecedores são registados de forma segura e digital, promovendo informação legítima e precisa, de fácil acesso, e assegurar a flexibilidade do sistema em tempos de crise. O conceito de sustentabilidade e flexibilidade da cadeia de fornecimento pode inclusive conter princípios de práticas Lean.
Obviamente estes princípios, tão relevantes neste período de pandemia, não devem ser ignorados quando voltarmos ao anterior “normal”.
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